Conhecemos bem o que nos ensina a Igreja sobre a esponsabilidade espiritual, sobre a vida de união com o Amado. A Igreja, baseada em seus grandes místicos, santos e doutores, nos ensina que, como dizem as nossas Regras, “O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o quanto amamos o nosso Amado, amando aqueles a quem tanto Ele ama e por quem Ele deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu?” (p.33).
Certamente iluminadas pelo Espírito, as Regras colocam na mesma ordem dos místicos o caminho do “eu quero” profundo: o arrependimento e o desejo de fazer a vontade de Deus, a contemplação na ação, o desapego e a pobreza (cujo caminho, segundo as Regras é “ser terceiro”) que se expressam concretamente no amor ao irmão, são nada mais que nossa “maneira shalom” de seguir, sempre na oração profunda as vias da vida espiritual: a via purgativa, a iluminativa e a unitiva, na ordem citada nas regras. Estamos unidos ao Amado, somos almas esposas, quando, desapegados de tudo e de nós mesmos, pudermos dizer: amo o meu irmão como o Pai ama Jesus, como Jesus me ama, como Jesus nos ama. Minha vida de oração me impele ao amor. A vivência da caridade fraterna me leva à oração. Meu louvor e adoração vêm da constatação contínua de que Deus me ama e, por isso, ama em mim; de que Deus ama o meu irmão e que, por isso, ama-o por mim. Sou alma esposa do Esposo! Amo com a caridade de Deus!
A única maneira apontada pelos místicos e pela Igreja de se medir a profundidade de nossa vida de oração é medi-la pelo grau de amor ao irmão que sou capaz de viver. Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus é mergulhar no Amor que une a própria Trindade. Se, pela oração, sou chamado pelo próprio Deus a mergulhar nas profundezas do Seu Amor não há como sair deste mergulho profundo senão transformado e “contaminado” por este Amor. E - fundamental! - foi pelo homem que Deus, em Jesus deu a sua vida. “Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado deu?”
Quando, de fato, mergulhamos nas profundezas do Espírito de Deus, mergulhamos no Amor que nos invade e que transborda de nós em torrentes poderosas capazes de abalar o mundo, como aconteceu com Francisco, com Teresa, com Teresinha, com Elizabete da Trindade, com Madre Teresa de Calcutá. Sabemos que de fato oramos profundamente quando, de fato, amamos verdadeiramente.
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